Queridos amigos, clientes e seguidores, ando muito cansada mas hoje tinha mesmo de vos vir escrever.
Estou no mercado desde 2012, passado cerca de 1 ano e meio, posso afirmar, já trabalhava quase exclusivamente para lojas nacionais e algumas, poucas, estrangeiras. Tenho webstore desde o dia que lancei a minha página do Facebook. Tinha, na altura, uma página web mais profissional do que o meu próprio produto. Sou licenciada em Informática (para quem ainda não sabe), faço páginas desde 1994/95 e, achava eu, que as fazia muito bem…
Muito esporadicamente, vendi um ou outro doce pelo site. Nunca lhe prestei atenção, servia-me apenas de montra bonita. Sempre dei prioridade às lojas, à revenda do meu produto em pequenas casas da especialidade, espalhadas pelo continente e ilhas, e um ou outro representante na Holanda, França, Espanha, Suíça, Luxemburgo e até em Macau.
Quando alguém me questionava sobre a venda dos meus produtos online, respondia sempre que “os portugueses não compram este tipo de produtos online, compram, sim, gadgets e quinquilharias leves na Amazon, eBay e noutros marketplaces estrangeiros”. Era verdade!
De repente, tudo ficou voltado do avesso. Ficámos presos em casa e eu fiquei 2 meses sem vender NADA. Por esses dias, felicitava-me por nunca ter abandonado o Ensino (antes disto, para quem não sabe, sou professora!), que sempre foi o verdadeiro garante do sustento do meu pequeno agregado familiar. Como não me dou parada (este raio de equipamento que trago de origem está sempre a ON!), comecei, na altura, a fazer Doces Solidários para oferecer aos profissionais de saúde cuja exposição, naquela altura mais ainda, nos causava tanta apreensão e angústia.
Passou a Páscoa, chegou o Dia da Mãe, e os portugueses começaram a acordar para uma nova realidade: as compras online. Ninguém estava preparado para isso. Nem eu, nem a minha página! Os primeiros envios que fiz, saíram embalados em caixas reutilizadas de álcool gel, com os frascos enrolados em panfletos do Lidl – que parola!
Pela mesma altura, fui (afortunadamente) seleccionada a participar em Workshops promovidos pela AICEP sobre esta nova forma de vendas, que de nova nada tinha... Todos devíamos dar a nós mesmos a hipótese de PARAR, ouvir testemunhos e ensinamentos de quem realmente tem experiência e SABE. O saber não tem preço. Arre, se eu pudesse absorver em mim todos os ensinamentos que me transmitem, seria uma super-heroína melhor que as da Marvel!
Tenho o defeito de ser uma investidora compulsiva. Fui comprar caixas de envio, palha de enchimento e, em muito pouco tempo, redireccionei e reposicionei a minha marca. Os portugueses perceberam que, sem terem de vender um rim (cruzes!), conseguiam ter, comodamente, produtos de elevada qualidade em sua casa. Quem gosta de compotas, compra compotas todo o ano, sabe distinguir o que é realmente bom das porcarias que nos impingem por tuta e meia nos supermercados e, melhor ainda: não só apreciam um bom doce, agridoce ou licor, como gostam de os oferecer/presentear.
Em Setembro inscrevi-me numa pós-graduação em Marketing Digital e E-Business da UMinhoExec- Executive Business Education. Tenho 4 horas de aulas às segundas e quartas-feiras, das 19:00 às 23:00. Nesses dias da semana começo a trabalhar na escola às 8:20. Muitas vezes, digo aos meus colegas de curso que entro no auditório já em piloto automático. Como lamento estar, fisicamente, tão cansada. O pescoço, às vezes, chia-me. Em certos dias, cismo ainda de vir aqui ao PC implementar algumas das coisas que aprendi. E lá acordo na manhã do dia seguinte, para voltar às aulas às 8:20…
Como consigo fazer tudo?! Todas as mulheres fazem sempre TUDO. A maternidade ensinou-nos a sofrer com cansaço e, mesmo sofrendo e cansadas, fazemos sempre MAIS porque temos de o fazer, senão, não aparece feito. As mulheres/mães são de uma determinação que arrasta montanhas. Eu arrasto a minha montanha facilmente, porque gosto dela. Corro muito. Ao mesmo tempo, faço sempre um esforço para não perder o foco. Sou como os morcegos, tenho um radar e desvio-me facilmente do que não merece importância.
A um mês do Natal tivemos nosso primeiro prenúncio: um rombo brutal no stock. Continuei sempre nos tachos, sempre a produzir, o stock sem dar tréguas e, a duas semanas do Natal deixei de fornecer à revenda. A par disso, ficámos sem o nosso frasco de vidro, esgotou na fábrica e não tínhamos (nem temos ainda) data para a sua reposição. Aos melhores clientes de revenda, para os cabazes, conseguimos acudir num frasco redondo comum, de igual capacidade mas só nas variedades de doces de abóbora.
A esta hora tenho as estantes vazias. Não tenho frascos para produzir e falta a maioria dos rótulos que terão de ir para execução na gráfica. Faço doces desde 2012, o “insólito” aconteceu este ano. Algum ano teria de acontecer, foi neste, e não foi graças a Deus, foi graças a Mim. Para terminar, deixo registado o meu profundo agradecimento a todos os que me apoiaram, directa ou indirectamente e a todos os que privilegiaram a produção nacional e deram preferência aos pequenos negócios como o meu. Bem hajam!
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