O casamento foi em 2018 e acabou agora, porque estamos cansados desta relação tóxica. Neste fim-de-semana, decidi oferecer as últimas dezenas de doces e agridoces que ainda residiam nos armazéns de Lyons Park, West Midlands, Conventry, a alguns amigos residentes em Terras de Sua Majestade. Eu podia esperar que se vendessem, mas… CANSEI-ME!
Parou-me o relógio! Às vezes, dá-me destas coisas…
Dei ordem de retirada de todos os produtos do inventário. Trazê-los para Portugal, além de caro, teria de ultrapassar as, agora, muitas burocracias alfandegárias dos Beefs. Não valem tanto assim e os meus amigos merecem estes mimos! Em troca pedi que os degustassem e partilhassem com quem mais gostam, com toda a certeza que, com isso, me fariam/farão também muito feliz.
Não sei qual o alcance que terá esta minha publicação. Sou, efectivamente, uma nano vendedora neste marketplace, a minha saída é menos uma gota no seu oceano. E por que motivos saio eu de um dos maiores espaços de venda mundiais?!
Tenho um rating de 5 estrelas nas vendas, tenho um produto fantástico que ultrapassa as espectativas de quem o compra. Ao fim destes anos consegui fidelizar, sem qualquer dúvida, o público inglês… em especial dentro dos armazéns da Amazon!
Na última encomenda que enviei para o Reino Unido (os portes são um custo meu, e a responsabilidade também, refira-se), saíram 64 frascos, em 2 caixas de 32 unidades. O processo de “check-in” demorou, para não variar, cerca de um mês, para no final concluírem que “deram entrada apenas 33 unidades”. O envio da TNT decorreu sem incidências, tendo sido assinalada a sua recepção por um(a) tal de “P.AHERN”. Não foi gerado um POD (Proof of Delivery) porque, desde o COVID, muitas entregas são feitas sem recolha/assinatura de papéis. “No POD no money back, basically”, não tive direito a ser indemnizada.
Não bastasse, na semana passada recebo indicação para “disposal” de cerca de 10 unidades de produto, supostamente, fora de validade. A quase totalidade desses itens seguiram no que restava do último envio e (quase) posso asseverar que não falhei nessas datas. O backoffice de administração é uma verdadeira gaiola, os helpdesks não funcionam, encaminham-nos para resmas de páginas com FAQs. Vale-me a APP Mobile, que tem menos funcionalidades, consigo escrever cobras e lagartos, mas do outro lado as respostas são quase automáticas e repetitivas.
O processo de entrada neste Marketplace é doloroso. Vender no UK foi uma teima minha que durou uns 3 meses para concretizar. Queimei MUITA pestana. As expectativas eram muito elevadas e o primeiro ano foi penoso. As taxas da Amazon são muito elevadas que, a somar, os custos de envio, se traduzem numa margem de lucro igual ao meu preço para revenda a nível nacional.
Durante o período de confinamento as vendas tiveram um boom fenomenal. A par disso, cresceram também os problemas no “check-in”. Começam por 2-3 unidades de Doce de Tomate, depois “decidiram experimentar” outros sabores, sendo que os doces de abóbora também se tornaram muito cobiçados. O processo de reclamação tem de ser muito atento, pois facilmente se ultrapassam os timings para reclamação. Se não houver uma reclamação, não há averiguação.
A entrada na Amazon portuguesa, vulgo espanhola, tem sido um assunto que anda na nossa calha desde o seu surgimento. Em Espanha existe uma equipa (portuguesa) dedicada ao mercado português que me parece acessível e prestável, quer por e-mail ou telefonicamente. Nos envios para Madrid, além de serem dentro da UE (BREXIT, God bless the Queen!) para os vendedores nacionais os CTT têm condições fantásticas.
Os marketplaces servem, em casos como o meu, para promover as marcas, fazermo-nos ver, sermos lembrados e, com isso, canalizar mais público para o nosso website, o canal de venda principal. Num dia que me sentir mais pachorrenta, talvez me dedique à Amazon Ibérica.
Hoje estou oficialmente de “férias”. Acho que nunca uma interrupção lectiva veio em tão boa hora. Andamos todos cansados, os professores andam exauridos. Se vos pareci mais ausente nos últimos tempos, já sabem o porquê.