Pobres mulheres, dóceis e frágeis! O quanto precisam do “apoio” de um homem

Pobres mulheres, dóceis e frágeis! O quanto precisam do “apoio” de um homem

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Escrevo em jeito de desabafo.

Que raio de sociedade mais machista esta em que vivemos onde “simpatia” muitas vezes se confunde com “disponibilidade”!
Quando uma mulher se veste bem, se cuida, se apresenta bem e, principalmente, se aparentar já estar na casa dos “enta” e não trazer anilha como os pombos-correio, estes são já sinónimos de “andar mouro na costa”, “andar no mercado de transferências” ou, simplesmente, de “se estar a oferecer”.

Triste! Será que uma mulher não pode ser elegante e ter auto-estima depois dos 40?!

Estive 4 dias na AGRO a vender/defender a minha Groselha-espim, coisa que faço bem (sem falsas modéstias, que sou até capaz de vender gelo aos esquimós!). Não vou vestida de sopeira que, definitivamente, não o sou, mas mesmo que o fosse, a imagem de quem faz o produto também o vende. Devemos ir preparados para a função que vamos desempenhar. Depois, entreguei cartões de visita a TODA a gente… E aí é que residiu o problema…

No início, até achei piada a algumas situações, mas depois, não tivessem sido tantas, comecei mesmo a ficar danada, ao ponto de começar a mandar uns artistas para aquele sítio pouco agradável.

Não fazem ideia da quantidade de homens que, sob a capa de “empresários bem-sucedidos”, depois me tentaram ligar, me ligaram, me enviaram mensagens, me fizeram propostas hilariantes, sempre a achar que eu nasci ontem e que nunca ninguém me havia cantado a “Canção do Bandido”. Não digo que alguns até realmente fossem empresários bem-sucedidos, mas isso não lhes dá o direito de se acharem acima de tudo e de todos, não os coloca à frente na “fila”, muito menos acharem que eu fiquei rendida aos seus muitos encantos (€€).

Falo de coisas como: ligarem-me no próprio dia, à noite, quando eu estava exausta a deitar o meu filho e ter desligar de imediato a chamada; enviarem mensagens “Não dizes nada meu anjo” (what?!), “Precisas de ajuda vou ai ajudarte”, “Quando acaba a feira”, “Terça vou estar em Lisboa não posso ir ai” (what?!), “Quando posso ligar te”, “Posso ligar hoje senhora professora”, “Não dizes nada”, etc. (sim, sem pontuação e com erros ortográficos que, para mim, é logo a morte do artista!).

As mensagens sucederam-se. Mesmo sem eu responder, ou a responder em telegrama, continuaram a insistir até que me pára o relógio e os mando dar uma volta. Um ainda me responde:
– “Não deves estar bem fique descansada que não te xateio mais as mulheres a mim ofrecemse”.
– Fico contente por si! Eu não estou para oferta. Passe bem!

Outro lá me liga passado uma semana. Estava em Córdoba, numa feira qualquer de arroz, representava uma multinacional qualquer, etc., etc., (um CV “invejável”!). Pergunto-lhe:
– “Fernando diga-me então qual o seu interesse em mim e nos meus produtos?”
– “… a Arménia é uma mulher bonita, eu sou um homem (…) os opostos atraem-se (…) gostava de jantar consigo (…) podíamos combinar a meio do caminho e jantávamos no Porto…”
Este, coitado, ouviu o que não quis, depois ainda lhe enviei mais uma mensagem para rematar melhor a coisa, à qual ele nem respondeu.

Outro “artista” liga-me de assalto. Apresentou-se dizendo que tinha provado os meus produtos no primeiro dia do certame. No momento não o consegui identificar, mas lembrei-me pouco depois. Fiquei sem perceber o que realmente fazia, era o verdadeiro “artista da rádio, TV e disco e da cassete pirata”! Dizia que tinha uma quinta de vinhos em Monção, falou em cabazes de Natal, etc. A dada altura, diz que “gostou muito da minha apresentação e da imagem dos meus produtos” e que queria prová-los novamente (what?!). Mas continua… Queria ter a representação exclusiva dos meus produtos a nível internacional que “sabe, a nível internacional é assim que se trabalha”. Também tinha uma firma que me podia dar todo o apoio ao nível da gestão e de candidatura a projectos. Ou seja: assessoria completa (e mais alguma coisa!).
Deixei o homem falar e no final disse-lhe para me enviar um e-mail, que eu lhe enviaria a Tabela de Revenda. Ele que escolhesse os artigos que pretendia provar e que fizesse a respectiva encomenda. Disse-lhe também que eu já andava neste negócio desde 2012 e o que ele me propunha outros mais já o haviam feito. No que respeitava ao mercado internacional, teria de esquecer a Holanda, a França e Macau, onde já tenho representantes, que o UK está já debaixo de olho, e que a exclusividade no dito “Mercado Internacional” não é bem assim como ele referia… Certo é que, até hoje, ainda não chegou a dita encomenda para prova!

Enfim, o que mais me ocorre por estes dias é: ainda bem que eu só faço a AGRO e só há uma de ano a ano!

PS – Já agora, alguém sabe o nome desta flor trepadeira? “Roubei” esta foto de uma casa à subida do Bom Jesus!

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